Cleópatra e Marco Antônio

Pouco depois da morte de César, Cleópatra ordenou o assassinato de seu irmão e marido, Ptolomeu 14, que morreu envenenado. Em Roma, o general Marco Antônio tornou-se o cônsul-geral. No ano seguinte, passou a dividir o poder com Otávio e Lépido, formando o segundo triunvirato. Juntos, derrotaram as tropas de Bruto e Cássio, envolvidos no assassinato de César.

Após Lépido se afastar da vida política, Marco Antônio e Otávio passaram a lutar entre si. Ambos queriam o poder em Roma. Marco Antônio governava as províncias romanas no Oriente, ao passo que Otávio administrava a porção ocidental do Estado romano. Marco Antônio se estabeleceu em Alexandria e Otávio permaneceu em Roma.

Seguindo o exemplo de César, Marco Antônio também se tornou amante de Cleópatra. Ele era casado com Otávia, irmã de Otávio, mas a mandou de volta a Roma, devolvendo-a ao irmão para se casar com Cleópatra segundo as tradições egípcias.

Essa atitude foi considerada um insulto por Otávio, que aproveitou para iniciar uma campanha para desmoralizar Marco Antônio diante do povo romano, apresentando-o como uma marionete controlada por Cleópatra. Do romance entre Cleópatra e Marco Antônio nasceram gêmeos: um menino, Alexandre, e uma menina, que recebeu o mesmo nome da mãe. O casal também teve um terceiro filho: Ptolomeu Filadelfo.

Não bastasse isso, durante uma cerimônia pública no Egito, Marco Antônio declarou que Cesário, filho de Cleópatra, era o herdeiro legítimo de César. Tal declaração foi uma afronta a Otávio. Em Roma, os senadores, temendo que Marco Antônio, caso saísse vitorioso da disputa com Otávio, transferisse a capital do Estado para Alexandria, destituíram-no de suas atribuições como governante da porção oriental.

A batalha de Ácio e o fim de uma era

Em 31 a.C. Marco Antônio concentrou um exército na costa oeste da península balcânica, de onde saíram seus navios de guerra. Assim teve início uma batalha naval que ficou conhecida como batalha de Ácio, da qual as forças de Otávio saíram vitoriosas. Durante a batalha houve muitas deserções nas forças de Marco Antônio.

Esses desertores acabaram apoiando Otávio, pois não concordavam com o que consideravam uma interferência excessiva da rainha egípcia nas decisões de Marco Antônio, cada vez mais visto como um homem submisso aos caprichos de Cleópatra. Marco Antônio deixou seu exército e fugiu de navio para Alexandria. Sem um líder, seu exército se rendeu.

Cleópatra pretendia fugir para a Índia, onde planejava fundar um novo reino, mas tribos do deserto, antes dominadas pelos ptolomeus, queimaram os navios que seriam utilizados na fuga. Quase sem encontrar resistência, as tropas de Otávio ocuparam o Egito. Acreditando nos boatos de que Cleópatra já estava morta, Marco Antônio cometeu suicídio, apunhalando-se com sua espada.

A morte de Cleópatra

Numa última e desesperada tentativa de salvar seu reino, Cleópatra enviou seu cetro e diadema para Otávio. De nada adiantou. Quando Otávio chegou a Alexandria, capturou Cleópatra. Pretendia exibi-la acorrentada no desfile triunfal que faria em Roma para comemorar sua vitória. Para escapar dessa humilhação, Cleópatra seguiu o exemplo de Marco Antônio: cometeu suicídio.

Segundo a tradição, ela teria se deixado picar por uma serpente venenosa. No entanto, embora tenham sido vistas duas marcas de picada em um dos braços da rainha, os médicos da época não encontraram vestígio de veneno em seu corpo. Além disso, até onde se sabe, não foram achadas provas de que uma serpente venenosa estivesse no local onde Cleópatra foi encontrada morta.

O destino dos filhos de Cleópatra

Após a batalha de Ácio, Cleópatra enviou o filho para a cidade de Coptos, deixando-o aos cuidados de um tutor. Esse tutor recebeu ordens para tirar o menino do país em segurança. A ideia de Cleópatra era que Cesário fosse levado do Egito para a Índia.

Ele acabou sendo entregue a Otávio, que ordenou sua execução. Eliminando Cesário, Otávio podia se apresentar como o único herdeiro legítimo de César. E acabou se tornando o primeiro imperador de Roma, recebendo o título de Augusto, que significa "divino". Governou o Império Romano de 27 a.C. a 14 a.C.

Quanto aos filhos nascidos do romance entre Cleópatra e Marco Antônio, foram enviados a Roma e, numa decisão bastante polêmica, ficaram sob os cuidados de Otávia, a esposa rejeitada por Marco Antônio.

Ao envolver-se primeiro com Júlio César, e depois com Marco Antônio, Cleópatra ganhou a fama de rainha sedutora e escandalizou muitos de seus contemporâneos. Envolver-se com homens influentes em Roma era uma estratégia para manter-se no poder e garantir a soberania do Egito. No final, a estratégia fracassou. Durante o reinado de Cleópatra, o Egito Antigo perdeu definitivamente sua soberania.


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